quinta-feira, setembro 20

Gotinhas de chuva.


Pousei a chávena, caí com força na cama e fechei os olhos. Estava a chover lá fora, mas na minha cabeça apenas ecoavam os meus problemas todos incessantemente. Estava tão farta de tudo o que se andava a passar que se pudesse arranca-los da minha cabeça e deita-los fora naquele momento, tinha-o o feito. O som da chuva acalma-me imenso e faz o meu coração acalmar por momentos e bater mais devagar e ao mesmo tempo dar-me tempo para respirar fundo e pensar em mais nada senão na chuva a colidir fortemente com o solo lá fora. Gostava de ser como as gotinhas de chuva que caiem la fora. tão sensíveis, tão puras, mas ao mesmo tempo tão fortes, tão inquebraveis. Aguentam o seu caminho todo, que é corrido a alta velocidade e com várias turbulências pelo meio sem nunca se desgastarem, nunca se cansarem, sem parar, deslizam calmamente, no seu ritmo e na sua dança habitual sem muito esforço e depois de passarem o mais difícil batem suavemente no chão e simplesmente desaparecem, como se estivessem satisfeitas por terem concluído o seu trabalho com sucesso. Ultimamente ando tão fraca para comigo mesma, que já me esqueci de como é ser forte. Deixei as minhas forças de lado para descansarem, afinal elas estavam desgastadas das vezes que recorri a elas para as minhas batalhas diárias e depois sem querer, esqueci-me de voltar a vesti-las e fui deixando isso no esquecimento ou talvez só achasse que já não precisava delas e agora nem uma restia de força me resta para ir busca-las de novo, então vou deixar-me apenas aqui, o mais confortavelmente possível, a reter o som da chuva nos meus pensamentos e presa à melodia dos meus ouvidos até ter coragem de ser como as pequenas gotinhas de chuva, lá fora. 

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