domingo, julho 29

17:30


 Deitei-me no chão do meu quarto de pernas pro ar e olhei o teto. Não. Fixei o teto e procurei detalhes. Virei-me de cabeça para baixo para saber qual é a sensação de ver a minha vida do avesso e procurei nela os detalhes que de ti restavam. Abri o baú das recordações com receio de ser sugada por ele e não conseguir sair, com medo de ficar presa outra vez às nossas malditas memórias que eu decidi arrumar num canto escuro da minha mente. Mas hoje a saudade não ficou onde quer que devia ter ficado e eu não consegui encontrar mais nada para ocupar cada hora do meu dia que passava para não dar por mim a pensar em ti ou no teu sorriso e não sentir saudades. Maldita saudade, é ela que abre um buraco nos meus pensamentos e corre por lá como louca e tão rápido que é quase impossível para-la. E ela tenta manipular tudo a voltar ao passado, a voltar aos momentos que eu decidi acabar porque pensei racionalmente e o melhor a fazer era eu ficar bem de vez e não de vez em quando, como sempre acontecia contigo. Então abri o baú e sentei-me no chão, desta vez vidrei no chão para me lembrar da sensação de como é estar no chão caída à espera que a força viesse ter comigo e me desse um empurrão pra me levantar e lembro-me depois, de só ter descoberto que ela não vinha, depois de esperar, eu aprendi que não é a força que tem de vir ter comigo mas sim eu ter com ela ou diria antes, encontra-la. Eu não precisava dessas porcarias que toda à gente me dizia, ou o apoio que comigo ficaria, eu precisava de deixar de ser estúpida e me erguer do chão, sozinha, por mim própria, como é suposto cada pessoa fazer em momentos destes, quando ninguém compreende a tua situação ou tu estares na dúvida se te queres levantar ou não. Eu precisava que os meus olhos encontrassem os erros que eu deixava escapar que tapados pelo cobertor do meu amor por ti se escondiam e eu insistia em continuar a fazer figura de idiota, e eu reclamava dessa figura tantas e tantas vezes, culpava-te a ti sabes? Culpava-te de me fazeres de idiota quando eu é que era a idiota que não queria ver o que todos viam, mas o que eles viam eu não via e o que eu via ninguém podia ver. E tenho quase a certeza que era essa a razão que me prendia tão firmemente a ti, era o pensamento de saber que o que nós tínhamos, disso mais ninguém sabia. Mas não foi preciso os outros, foi preciso tu e as tuas merdas para fuder com tudo, foi preciso tu e o teu próximo passo em falso para eu acordar do transe que a ti me prendia e largar o veneno que de ti tinha provado, perceber que por mais que eu te amasse eu tinha de largar esse amor e correr o mais rápido que podia para que ele não me seguisse mais. Oh isso foi a coisa mais difícil que eu tive de fazer e eu tive de sofrer para parar de sofrer se é que alguém me consegue entender. E eu ganhei coragem, tal coisa que eu nunca pensei encontrar em mim e desfiz-me do que não era o certo apesar de ser o bom do momento. E hoje fiquei aqui e vasculhei as recordações mas oh, só as felizes meu amor, talvez esse já não seja o termo que deva usar contigo e ocorrem-me muitos outros se queres saber, mas não quero ser rude depois de me lembrar de tudo o que me deste em tão pouco, e dos sorrisos que de mim arrancaste, e hoje eu esqueço as lagrimas, e as discussões e todas as demasias dores que já estiveram em mim por ti e só me importa o tempo em que fomos felizes, sabes, realmente felizes e por menos que pareça nós tivemos tantos momentos desses, quanto a ti não sei, mas a mim fizeram me realmente feliz. Obrigado por tudo, por nunca me deixares cair mesmo sendo sempre tu o meu maior abismo, fortaleceu-me tudo isto, fez-me feliz, fizeste-me feliz. E espero que um dia, depois de tudo isto, eu te encontre por aí e me voltes a fazer feliz como eramos antes, mas feliz de outra maneira diferente, sem mais nada apenas eu, tu, momentos simples e sorrisos verdadeiros, sabes como bons amigos, talvez um dia eu te encontre por aí e possamos escrever uma história diferente quem sabe com um final mais feliz mas agora fiquemos por aqui, é que se não fechar o baú agora eu vou voltar a correr para as recordações que nele ficaram guardadas mas eu vou fecha-las, e logo que eu tenha ultrapassado isto eu volto a destranca-las. Todas as histórias são histórias e a nossa não foi mais uma história. Pela última vez eu sei que não devia e mesmo sem mereceres, mas… eu amo-te, eu só espero que disso nunca te esqueças.
Oh, e há coisas que nunca mudam, não há? 

1 comentário:

Descritos de mentes cheias de memórias são sempre bem-vindas.