Deitei-me no chão do meu quarto de pernas pro ar e
olhei o teto. Não. Fixei o teto e procurei detalhes. Virei-me de cabeça para
baixo para saber qual é a sensação de ver a minha vida do avesso e procurei
nela os detalhes que de ti restavam. Abri o baú das recordações com receio de
ser sugada por ele e não conseguir sair, com medo de ficar presa outra vez às nossas
malditas memórias que eu decidi arrumar num canto escuro da minha mente. Mas
hoje a saudade não ficou onde quer que devia ter ficado e eu não consegui
encontrar mais nada para ocupar cada hora do meu dia que passava para não dar
por mim a pensar em ti ou no teu sorriso e não sentir saudades. Maldita saudade, é
ela que abre um buraco nos meus pensamentos e corre por lá como louca e tão
rápido que é quase impossível para-la. E ela tenta manipular tudo a voltar ao
passado, a voltar aos momentos que eu decidi acabar porque pensei racionalmente
e o melhor a fazer era eu ficar bem de vez e não de vez em quando,
como sempre acontecia contigo. Então abri o baú e sentei-me no chão, desta vez
vidrei no chão para me lembrar da sensação de como é estar no chão caída à
espera que a força viesse ter comigo e me desse um empurrão pra me levantar e
lembro-me depois, de só ter descoberto que ela não vinha, depois de esperar, eu
aprendi que não é a força que tem de vir ter comigo mas sim eu ter com ela ou
diria antes, encontra-la. Eu não precisava dessas porcarias que toda à gente me
dizia, ou o apoio que comigo ficaria, eu precisava de deixar de ser estúpida e
me erguer do chão, sozinha, por mim própria, como é suposto cada pessoa fazer
em momentos destes, quando ninguém compreende a tua situação ou tu estares na
dúvida se te queres levantar ou não. Eu precisava que os meus olhos
encontrassem os erros que eu deixava escapar que tapados pelo cobertor do meu
amor por ti se escondiam e eu insistia em continuar a fazer figura de idiota, e
eu reclamava dessa figura tantas e tantas vezes, culpava-te a ti sabes?
Culpava-te de me fazeres de idiota quando eu é que era a idiota que não queria
ver o que todos viam, mas o que eles viam eu não via e o que eu via ninguém
podia ver. E tenho quase a certeza que era essa a razão que me prendia tão
firmemente a ti, era o pensamento de saber que o que nós tínhamos, disso mais
ninguém sabia. Mas não foi preciso os outros, foi preciso tu e as tuas merdas
para fuder com tudo, foi preciso tu e o teu próximo passo em falso para eu
acordar do transe que a ti me prendia e largar o veneno que de ti tinha
provado, perceber que por mais que eu te amasse eu tinha de largar esse amor e correr
o mais rápido que podia para que ele não me seguisse mais. Oh isso foi a coisa
mais difícil que eu tive de fazer e eu tive de sofrer para parar de sofrer se é
que alguém me consegue entender. E eu ganhei coragem, tal coisa que eu nunca
pensei encontrar em mim e desfiz-me do que não era o certo apesar de ser o bom
do momento. E hoje fiquei aqui e vasculhei as recordações mas oh, só as felizes
meu amor, talvez esse já não seja o termo que deva usar contigo e ocorrem-me
muitos outros se queres saber, mas não quero ser rude depois de me lembrar de
tudo o que me deste em tão pouco, e dos sorrisos que de mim arrancaste, e hoje
eu esqueço as lagrimas, e as discussões e todas as demasias dores que já
estiveram em mim por ti e só me importa o tempo em que fomos felizes, sabes,
realmente felizes e por menos que pareça nós tivemos tantos momentos desses,
quanto a ti não sei, mas a mim fizeram me realmente feliz. Obrigado por tudo, por
nunca me deixares cair mesmo sendo sempre tu o meu maior abismo, fortaleceu-me
tudo isto, fez-me feliz, fizeste-me feliz. E espero que um dia, depois de tudo
isto, eu te encontre por aí e me voltes a fazer feliz como eramos antes, mas
feliz de outra maneira diferente, sem mais nada apenas eu, tu, momentos simples
e sorrisos verdadeiros, sabes como bons amigos, talvez um dia eu te encontre por aí e
possamos escrever uma história diferente quem sabe com um final mais feliz mas
agora fiquemos por aqui, é que se não fechar o baú agora eu vou voltar a correr
para as recordações que nele ficaram guardadas mas eu vou fecha-las, e logo que
eu tenha ultrapassado isto eu volto a destranca-las. Todas as histórias são
histórias e a nossa não foi mais uma história. Pela última vez eu sei que não
devia e mesmo sem mereceres, mas… eu amo-te, eu só espero que disso nunca te esqueças.
Oh, e há coisas que nunca mudam, não há?
Muito obrigada querida <3
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