quarta-feira, junho 13

# Second letter. Mas eu sempre disse que contigo ia ser diferente. Talvez porque tudo fosse diferente, desde o momento em que os nossos caminhos se cruzaram e as nossas estradas deram na mesma rotunda e decidimos seguir o mesmo sentido. Eu não sei. Nós já demos tantas voltas, já percorremos tantos caminhos e desses tantos a maior parte acabava por ser sempre o mesmo e consequentemente dar no mesmo. Mas eu nunca me importei, eu nunca me importei de percorrer os mesmos caminhos, os mesmos sentidos e estradas, os mesmos erros, chatices, idiotices, desde que fosse contigo, desde que eu sentisse que não te ia perder por nada deste mundo. Eramos tão apegados que eu não consigo sequer descrever o significado dessa palavra comparado connosco. É estranho, tão estranho pensar nisso que nem imaginas, pensar que nunca houve ninguém como tu e que provavelmente não vai haver e durante este tempo eu tenho tentado descobrir se isso é positivo ou nem por isso. A verdade é que eu sentia que tu eras tudo sabes? Bom quase tudo, mas eras como um todo num só. A forma das coisas, a simplicidade de cada gesto, o correr de cada dia, era fácil sabem, não nos tínhamos de nos esforçar para nada e sem darmos por isso já estávamos no fim do dia deitados nas respetivas camas a falar por horas infindáveis dos assuntos mais insignificantes do mundo e eu juro, juro que nesses momentos sentia-te mais perto de mim do que em quaisquer outros. E eramos irmãos, melhores amigos, confidentes, amantes, eramos tudo e nada num tudo de nada. E isso agradava-me, isso tornava-te especial. Ou tornava-nos. Olhar para tudo que já passamos e pensar que tenho de me afastar porque tu mudaste ou talvez tenhas sido sempre assim e eu nunca tinha percebido, mas será possível? Eu conhecer-te como conheço cada traço da minha mão, cada rua da minha cidade e cada canto da minha casa e não ter percebido que nada era como eu pensei que realmente fosse? Que tu não eras como eu realmente achava que eras? E mais uma vez eu não sei. Tu és tão tu e isso complica e complica-me. Tantas e tantas foram as vezes que eu tentei arranjar uma explicação pra tudo, uma desculpa para as tuas ações inconsequentes e estúpidas para não ter de admitir a mim própria que tu não eras como parecias ser nesses momentos, que eu te conhecia melhor do que conheço de mim própria e independentemente de alguma coisa eu te conhecia, mas de verdade. Ou será que fui eu que mudei? Será que fui eu que me apaixonei arrebatadoramente por ti e deixei de agir como eu mesma e pensar por mim própria, quero dizer como deve ser? Será que fui eu que te comecei a ver de outras formas e a idealizar coisas que nunca antes tinha precisado, será que fui eu que na minha cabeça exigi e criei coisas que nem no universo mais paralelo poderiam ser assim? E mais uma vez, eu fico na mesma, eu não sei, a verdade é que por mais voltas que dê eu continuo sem saber e algo me diz que nunca o irei saber, mas isso também já não importa agora. Mas a verdade é que eu já me habituei a viver assim, sabes, sem saber muito e a achar tudo. A verdade é que eu tive o meu tempo, e quando ele foi meu, eu não aproveitei, talvez porque achasse que ele não se fosse tão rápido, e agora que ele já se foi, eu quero-o de volta. E no meio de tantos sentimentos, tantas sensações e acontecimentos e com o tão pouco tempo, o que restou foi a distância entre nós e a saudade que de ti ficou.
*with love, S.
ps: mas ainda assim eu espero por ti mas oh, por ti mesmo, não por um idiota qualquer mas sim o idiota por quem me apaixonei.

3 comentários:

Descritos de mentes cheias de memórias são sempre bem-vindas.