No silêncio.

Mais uma vez dou por mim sentada na escuridão do meu pequeno quarto a pensar em ti. Todos os músculos do meu corpo se concentram em ti e me comandam em tua direcção mesmo sabendo que isso é impossível. O meu coração acelera cada vez que na minha mente relembro a perfeição do teu sorriso e dos teus olhos verdes brilhantes. A respiração é lenta mas em compassos seguidos, e é assim que relembro cada traço teu. No escuro, sentada. Lembro-me de todos os pormenores desta nossa história, lembro-me de quantas páginas já escrevemos, das vírgulas que por pouco não se tornaram pontos finais e penso alto que neste livro não vou encontrar um fim tão próximo. Tenho as mãos geladas e o corpo imobilizado pelo frio, e o meu pensamento concentrasse agora, em conjunto com a imaginação e o esforço, no teu corpo colado ao meu, onde as nossas almas se ligam numa perfeita conexão e os nossos corações formam a harmonia mais linda de todas. Subitamente lembro-me de todas as promessas que juntos fizemos às estrelas, espreito pela janela e sorriu para o céu como se lá estivesse o teu rosto desenhado. Passam minutos e é incrível o tanto tempo em que o meu corpo mente e alma se conseguem concentrar num único ponto, numa única pessoa num único “tu”. Não, isto não significa que és a pessoa mais certa de todas ou que num tom de exagero a mais perfeita. A mente gosta de confundir as coisas e tenta baralhar-me o coração mas ele está ciente demais das coisas para se deixar levar por futilidades dessas ou por meras palavras. Ele, melhor que ninguém sabe que ter-te comigo e apenas para mim ainda faz parte da noite e dos sonhos adormecidos. E assim pela primeira vez o coração e a mente estão em acordo, ‘persegue-o, não deixes escapar o que te pertence’, gritam-me eles no silêncio do abandonado quarto onde permaneço mais uma vez, sentada no chão frio com os pensamentos centrados em ti, sempre em ti, meu amor.